Katy Perry tentou nos dar um bom apetite, mas só deu uma má digestão no público geral. Justo? Eu diria que não.

Quando Bon Appétit saiu, foi unânime: todo mundo odiou a música. E foi numa escala anormal. Katy Perry até  c h o r o u  depois de fazer uma live apresentando essa música de tão ruim que foi a recepção dela. Mas quer saber? Essa caralha não é tão ruim quanto vocês tão falando por aí não.

Vou ser sincero, quando ouvi isso pela primeira vez eu torci o nariz mesmo. Depois da boa Chained To The Rhythm ter saído eu tava esperando que Katy fosse trazer música 80’s atrás de música 80’s pra manter uma consistência maravilhosa que falta muito em álbuns de estrelas pop, então perceber que Bon Appétit não trazia essa vibe com tanta força já foi uma facada. Além disso a música ainda tem um instrumental que parecia não seguir o mesmo ritmo dos vocais e soava muito fora de tempo, desagradável.

Mas depois de umas 3 ouvidas, eu já considerava Bon Appétit uma música tranquila e nada ruim. Ela é diferente do que a gente vê por aí, uma espécie de synthpop lento e constante, algo entre mid-tempo e up-tempo. Será que é essa “lentidão” que faz tanta gente odiar a música? Mesmo que essa mesma galera tenha engolido uma música mais lenta que essa com um toquezinho insuportável no refrão? (pois é, eu não vou perder uma oportunidade pra falar mal de Closer). E olha que o toquezinho de Bon Appétit é bem legal e catchy.

Talvez a recepção de Bon Appétit teria sido melhor se ela tivesse sindo lançada como single depois do Witness sair, ou se ela sequer tivesse sido escolhida como single. Quer dizer, isso daqui não é nem um pouco ruim, mas não é incrível como um single deveria ser (embora seja melhor que outras coisas que andam fazendo sucesso por aí) e é meio difícil de engolir (não que isso seja desculpa, é só jogar na rádio mil vezes que uma hora o povo engole). Se o álbum tivesse saído, todo mundo já teria batido de cara com Bon Appétit e, depois de umas ouvidas, aprendido a aceitar a música. Talvez assim funcionaria melhor de single, já que a difamação da música veio da mesma galera que vai ouvir o álbum dela. Mas optar por lançar assim do nada? Depois de um tempão sumida e de uma música que ninguém se importou que foi Chained To The Rhythm?

E depois de lançar como single uma música massacrada, Katy ainda trouxe um clipe incomumente bizarro e cheio de sexualização. Quer receita melhor pra polêmica no ocidente? O resultado disso foi o que é provavelmente o clipe mais odiado de toda a carreira de Katy, e isso quando o vídeo é na verdade muitíssimo criativo e interessante pra os padrões americanos.

Ele é tão estranho e curioso que prende a sua atenção, te fazendo passar por todo o preparo de Katy pra saber a que ponto o clipe quer chegar, e te pega de surpresa com um final bastante interpretativo. Pra os k-poppers que estão aqui: esse é o tipo de coisa que Orange Caramel lançaria se fosse um grupo ocidental que quer fazer algo mais “sexy”, e me diz se isso não é super intrigante?

Sinceramente, a impressão que me dá é simplesmente que as pessoas estão sedentas por alguém pra odiar. No pop, o público sempre precisa estar odiando alguém (de preferencia, mulheres). Já tivemos odiadas Britney Spears, Lady Gaga e Taylor Swift. A um tempo atrás o alvo escolhido pra o massacre era ninguém mais ninguém menos que Miley Cyrus, mas agora que ela mudou sua imagem e não tem motivo pra ser odiada qualquer mísera desculpa pra escolher outro alvo vai ser usada. E quem melhor pra martirizar se não uma mulher que trouxe música e clipe incomuns super sexualizados? Pois é Katy, você já foi a queridinha por tempo demais, agora é a sua vez.